terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fado - Ó poetas do meu povo




Ó poetas do meu povo

Ó poetas do meu povo
Narrai comigo este fado
Com palavras me comovo
Num sentir amargurado

Ó fadistas das vielas
Descantem este meu fado
Pois assim à luz das velas
Meu lamento foi cantado

Ó amor da minha vida
Só te quero a meu lado
Ainda espero que um dia
Tu encaixes no meu Fado

Este Fado que vos canto
Transbordando de emoção
Por amor e fé, levanto
Minha voz da tradição


Música: Miguel Rebelo

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Fado - Há quem o chame vadio




Há quem o chame vadio

Tem a alma do povo
Dor, destino e saudade
Canto do homem novo,
A mágoa e a esperança
O rio, a cidade.

Foi fidalgo embuçado
Cavalo, toiro e campino
Sempre de boca em boca
Desde menino

Chegou à Mouraria
Pela voz de uma mulher
Andou na Madragoa
Com as cores dum malmequer
Alfama fez-lhe a corte
E ofereceu-lhe um manjerico
E foi no Bairro Alto
Que arranjou um namorico

Soam trinados nos céus
Sons de amor à guitarra
Versos que sendo tão seus
Evocam lamentos
Cantados com garra

Há quem o chame vadio
Pobre por ser desgarrado
Triste sina a de quem
Nunca canta o fado

Chegou à Mouraria
Pela voz de uma mulher
Andou na Madragoa
Com as cores dum malmequer
Alfama fez-lhe a corte
E ofereceu-lhe um manjerico
E foi no Bairro Alto
Que arranjou um namorico


Música: Miguel Rebelo

Fado - Quem foi que te fez fado?




Quem foi que te fez fado?

Quem foi
Que te fez mergulhar
Tua voz ancorar
Sem passar pela barra
Quem foi
Que te fez navegar
E depois naufragar
Nesse mar de guitarra

Quem foi
Que te deu essa luz
Qual pranto na cruz
Que no mar ecoa
Diz quem foi
Que ao céu te levou
E assim te chamou
P’ra sempre Lisboa

Quem foi
Que te fez alcançar
E depois recordar
Esse lado da vida
Quem foi
Que te quis abraçar
Tua tez afagar
Como que em despedida

Quem foi
Que te deu esse rio
Qual leito de brio
Que no mar se escoa
Diz quem foi
Que ao céu te chorou
E assim te cantou
P’ra sempre Lisboa

Quem foi
Que te fez madrugar
Tua voz entoar
Só por ser malfadada
Quem foi
Que te deu esse olhar
E te quer a chorar
Essa dor magoada

Quem foi
Que te deu esse rio
Qual leito de brio
Que no mar se escoa
Diz quem foi
Que ao céu te levou
E assim te chamou
P’ra sempre Lisboa

Quem foi
Se souberes diz quem foi
Que só sem querer
Te fez renascer
Quem foi
Se souberes diz quem foi
Que te fez viver
Teu nome mulher
Quem foi
Se souberes diz quem foi
Que te fez fatal
Tão pura e leal
Quem te deu
Esse amor
Esse fado a rigor
A ti


Música: Miguel Rebelo

Fado - A Rosa e o Chico (uma historia de amor)




A Rosa e o Chico
(uma historia de amor)

A Rosa d'Alfama
Trabalha na copa
De um bar afamado
E já criou fama
De fazer a sopa
A cantar o fado

E diz quem provou
Que nunca encontrou
Um sabor assim
Um gosto a guitarra
A noites de farra
E paixões sem fim

O Chico das mesas
Ganhou pela Rosa
Amor e carinho
E cheio de incertezas
Pediu-a por esposa
Dizendo baixinho:

"- És mulher prendada
Tens dotes de fada
E és destemida
Eu sonho acordado
Viver a teu lado
P'ro resto da vida"

E tal foi o espanto
Que a Rosa Maria
Ficou sem falar
E o Chico entretanto
Da copa fugia
Com o rosto a corar

E ninguém pensava
Que a Rosa aceitava
Noivar o lacaio
E contra o esperado
Ficou combinado
Casamento em maio

Juntaram mobília
Faianças do norte
E mudas de cama
Álbuns de família
Medalhas de sorte
E um quadro d'Alfama

E num lar modesto
Feliz e honesto
Ficaram depois
E criando os filhos
Sem terem cadilhos
Viveram a dois

Música: Miguel Rebelo

Fado

É no Fado que tenho concentrado ultimamente quase todas as minhas energias. Tudo começou com mais um convite do Miguel Rebelo para lhe escrever algumas letras. Há muito que lhe tinha dado uma, A Rosa e o Chico (uma historia de amor) que ele aproveitou e musicou. Como estava com ideias de produzir um CD de Fados, porque não continuarmos com a nossa já velha parceria?
Começamos a trabalhar e acabámos por fazer mais três temas. Mais poderiam ser não fosse alguma intransigência do produtor.
Contudo o trabalho foi gravado e após algum tempo e com grandes vicissitudes pelo meio, lá veio para a rua.
Foi para este trabalho que tive o grato prazer de ver uma letra minha musicada pelo grande Rui Veloso, só que infelizmente ficou na gaveta. Alguém um dia me vai explicar o porquê.
Como é normal, vou apresentar estes quatro temas com o Miguel e ainda a letra que foi entregue ao Rui.
Como disse, estes temas foram apenas o inicio. Mais para a frente falarei de muitos mais.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Em casa - Nós



Nós

Teu cabelo escadeado quando fica
Enlaçado nos meus dedos por um beijo
Às carícias harpejadas se dedica
E se entrega por amor e por desejo

Depois de já saber que o tempo pára
E quando já tropeço nos meus passos
Entrego-te o meu corpo que se ampara
No confortante quente dos teus braços

Os gestos vão ficando aleatórios
As bocas se tocando sem aviso
As roupas, esses meros acessórios
Deslizam pelos corpos de improviso 

Deitamos o desejo sobre a cama
Suando nosso amor incontrolado
E amando como já ninguém se ama
Fazemos do prazer um aliado

Salgámos o lençol que em desalinho
Enlaça docemente a tua (minha) perna
Entregas-me (entrego-te) de novo o teu (meu) carinho
Fazendo desta noite a noite eterna

O sol cumpre a função de te (me) acordar
E logo o teu (meu) olhar descobre o meu (teu)
Encostas-te (encosto-me) ao meu (teu) peito e sem falar
Dás (dou) vida ao novo dia que nasceu

O sol cumpre a função de te (me) acordar
E logo o teu (meu) olhar descobre o meu (teu)
Encostas-te (encosto-me) ao meu (teu) peito e sem falar
Dás (dou) vida ao novo dia que nasceu

Em casa

Alguns dos temas que vou fazendo ficam em casa. Sabe-se lá o que poderá acontecer quando um dia os lançarmos por aí.
Nós, é este o nome do próximo tema a desfilar por aqui, foi feito a pensar em nós, por isso só nós o poderíamos cantar.
Escrevi a letra e fiz a música e o Abelha gravou o piano. Eu e a Sandra demos as vozes.
Espero que gostem.
Nós gostamos muito.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Outras ondas - SLB Selecção 2003



SLB Selecção 2003

Eu tenho orgulho em jogar no meu Benfica
E fazer parte desta nova geração
De águia ao peito, vejam só que bem que fica
Aqui tão perto, tão juntinha ao coração

Tenho a certeza que vou dar o meu melhor
Jogar com garra, valentia e altivez
Gritar bem alto seja lá contra quem for
Sou do Benfica, Selecção 2003

Sou do Benfica, Selecção 2003
Sou do Benfica, Selecção 2003

É com paixão que vou vestir a camisola
Saber que o jogo já está quase a começar
Tudo o que quero é poder sentir a bola
E no final a nossa equipa a festejar.

Quem sabe um dia não seremos Campeões
Temos valor e vai chegar a nossa vez
De águia ao peito, bem colada aos corações
Gritar Benfica, Selecção 2003

Gritar Benfica, Selecção 2003
Gritar Benfica, Selecção 2003

Sou do Benfica, Selecção 2003
Gritar Benfica, Selecção 2003

Sou do Benfica, Selecção 2003
Gritar Benfica, Selecção 2003

Outras ondas - SLB

Por estranho que pareça, nunca escrevi nenhum tema que estivesse diretamente ligado com os meus filhos. Nunca pensei o motivo de o não ter feito mas eles sabem que isso não é importante. Se o poeta é um fingidor, eu nunca conseguiria fingir no que diz respeito aos meus filhos. Eles são o que me move e que me alimenta. São meus!
Contudo, e porque o mais novo se vai movimentando nos meios futebolísticos do SLB, decidi na época passada (2010/2011) fazer um “hino” dedicado a toda a equipa da célebre Seleção 2003. As vozes ficaram a cargo da Sandra, do Rui e do próprio jogador (Pedro Rocha) a letra e música são de minha autoria. O arranjo é do Paulo Abelha.
O vídeo era a abertura dos DVD das gravações dos jogos que fazia e que distribuía pelos outros atletas.
A todos eles, um abraço do tamanho do mundo.

domingo, 18 de setembro de 2011

Pequenas notas

Este meu blog nasceu exclusivamente para servir de montra aos trabalhos que fiz na área da escrita para canções. Creio que é para isso que estas novas ferramentas globais vão servindo (ou pelo menos deveriam) e assim sendo vão desfilando por aqui todos os temas que estão devidamente protegidos no que diz respeito aos direitos de autor. Assim o faço por mim e por aqueles que comigo trabalharam e trabalham. Os outros, os que ainda estão na gaveta, mais tarde ou mais cedo verão a luz do dia, mas por enquanto ficarão guardados.
Faço questão de indicar sempre quem comigo partilhou cada tema. Devo-lhes esse respeito, consideração e amizade. Aos músicos que os interpretaram, não vou fazer referencia pois poderia falhar com algum e assim sei que não o farei. Estarão sempre comigo e com os temas que ficaram gravados. A sua arte está lá. A eles, um muito obrigado.
Por vezes, poderei divulgar uma ou outra letra que por acaso até já foi gravada e editada mas que por vários motivos não posso apresentar registo áudio/vídeo. Assim que esses registos poderem ser apresentados cá estarei para o fazer.

Outras ondas - De novo paraíso



De novo paraíso

Vai e vem
Tudo bem
Se tu queres assim
Faço-te a vontade

Bem ou mal
É banal
Dizeres que sim
Esqueces a saudade

Faz de conta que não queres saber de mim
Que vais bater a porta
Que já nada te importa


Mas vais
Voltar
E queres me encantar
Com o teu sorriso
Tu és
Assim
E eu volto enfim
De novo ao paraíso

Sim ou não
Mão na mão
Queres ficar assim
Dizendo a verdade

E talvez
Desta vez
Abraçada a mim
Ficas com vontade

Depois dizes que não queres fugir de mim
E vais abrindo a porta
Para eu entrar
Agora já tudo importa
Sim
Sabes que sim

Música: João Matos/Ricardo Ferreira/Rui Ribeiro

sábado, 17 de setembro de 2011

Outras ondas

João Matos e Ricardo Ferreira, para além de grandes músicos, são também grandes produtores e andam sempre na crista da onda no que toca a descobrirem talentos.
Com eles tive o prazer de trabalhar no Festival RTP 2007 e mais tarde num outro projeto que lançou Marcelo Costa.
De novo paraíso foi o tema que fizemos em conjunto para o Marcelo e que foi editado em 2010.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Atlanticamente - A pausa do guerreiro



A pausa do guerreiro

A agonia e o cansaço
Namoraram no meu corpo
Tal amor não me largava
Como a cal não larga o morto

Um amor alucinado
Como Pedro por Inês
Fez maldades do diabo
Como o próprio nunca fez

E como um peão de brega
Levou água ao seu moinho
Feito bicho da madeira
Foi roendo de mansinho

Só que a luz entrou em mim
E o cansaço se cansou
E o amor pela agonia
Como muitos se finou

Num divórcio sem partilhas
Numa herança sem herdeiros
O meu corpo descansou
Como a pausa do guerreiro


Música: Rui Rocha

Atlanticamente - Vidas de um Homem só



Vidas de um Homem só

Enquanto o dia nasce
E não dispersa
Mantenho acesa
A chama da conversa
Um velho contador
De muitas vidas
Relata-as como se
Lhe fossem queridas

Falava de Pessoa
De Adamastor e de Camões
De um porto em Nova Goa
E da monções


Da terra prometida
Da cruz de Cristo engalanada
De Outubro e da Avenida
Da madrugada

Falava dos romanos
Das invasões e generais
Da lenda dos moicanos
Dos cardeais

Falava de cinema
Do ultramar e sua guerra
Da soma do teorema
Da nossa terra

E o dia vai correndo
Em seu recato
Aguardo nova história
Novo acto
E o velho vai contando
Novas vidas
Agora com palavras
Mais sentidas

Falava de Marlene
Da resistência e de Guernica
Do acto mais solene
E do Benfica

Falava da Severa
Do fado eterno Marceneiro
Do tempo em que D. Carlos
Era primeiro

Falava de Miro
De Cristo Rei e da canoa
Da lua sempre só
Sobre Lisboa

Falava de Maria
Dos Jesuítas, de Pombal
Da nobre fidalguia
De Portugal


Música: Miguel Rebelo

Atlanticamente - Rumo ao Sul



Rumo ao Sul

Rumo ao Sul sem nevoeiro
Com mourisca cor na pele
Embarquei a cruz de Cristo
Fiz-me ao mar em meu batel

Nova Ceuta me ancorou
Com turbante negro branco
Moura bela me tentou
Usando o mais doce encanto

Enfrentei a tentação
Sem cair em tal pecado
À cruz de Cristo me abracei
Com a força de um cruzado

Nova estrada me apeou
Com o sol ditando a lei
Nova moura me tentou
Com artes que nem eu sei

Revejo a batalha, tomou-se a muralha
Em terras de areia sem fim
Vou escutando o vento que chora um lamento
Qual fado cantado por mim

E Alcácer me abraçou
Que é Quibir por não ser minha
Outra moura me tentou
Já sem forças me detinha

E o deserto me deitou
Com a lua em companhia
E mourisco me tornei
Com o terno amor de uma gentia


Música: Miguel Rebelo

Atlanticamente - A Velha da banca



A Velha da banca

A banca de esguelha
Tocando o joelho
Assento de verga
Cansado de velho

Sombreiro não tem
Que o sol é bem-vindo
O frio esse sim
Só é bom quando findo

Por luto de amor
De negro trajou
Viúva da vida
E de quem a deixou

Mantém um sorriso
Na face enrugada
Ficou-lhe de moça
Não guardou mais nada

Na banca de esguelha
A toalha de renda
É montra de esperança
Num dia de venda

Amêndoas avulso
Colares de pinhão
Queijadas de Sintra
Alicante, o torrão

Se sequeiro a pevide
E pouco salgada
O tremoço, esse é fresco
A castanha é pilada

Na banca de esguelha
Surgindo uns trocados
Parecem ser muitos
De tão desejados

E o dia esgotado
Recolhe-se a medo
Chilreiam pardais
São sons de arvoredo

E a noite não tarde
Não resta mais nada
Está mais triste o jardim
Com a banca fechada


Música: Miguel Rebelo

Atlanticamente - Quando chega o dia



Quando chega o dia

Quando chega o dia
Do passo em frente
Ao olhar para trás
A gente sente
O reverso da medalha
Uma vida do avesso
O adeus da despedida
Da partida sem regresso

Quando chega o dia
Do passo em frente
Saber que tudo agora
Vai ser diferente
Uma página virada
Mas com tantas por virar
O receio da mudança
Com vontade de mudar

Há quem diga que é assim
Amanhã logo se esquece
Quem me dera que assim fosse
Assim fosse e eu quisesse

Quando chega o dia
Do passo em frente
É como virar costas
A toda a gente
Gente boa de feitio
No defeito e na virtude
Vou pedir a quem me ouvir
Que esta gente nunca mude


Música: Miguel Rebelo

Atlanticamente - Cor-de-quando



Cor-de-quando

Quando escrevo azul
Cor-de-lua-cheia
Quando vejo o mar
Cor-mulher-sereia

Quando sinto o rio
Vida presa por um fio
Água em tom menor
Quase sem sabor
A saber de cor
Que se vai salgar
No mar

Quando rumo ao sul
Cor-de-morna-dança
Quando afago o pão
Quente-cor-bonança

Quando sinto o chão
Terra vida por função
Seara em tom maior
Ceifa de suor
A saber de cor
Que se vai soltar
No ar

Quando troco o passo
Cinza-cor-queimada
Quando passo em frente
Cor-de-tudo-ou-nada

Quando sinto o sol
Pedra dura em água mole
Já vai sabendo de cor
Que nunca se vai moldar


Música – João Balão

Atlanticamente - Beirando



Beirando

Circulei pela segunda-feira
Andando no meu vagar
Despedi-me de Lisboa
Com promessas de voltar

Vento sul me acompanhou
Com anseios de enamorado
Com nortada nos cruzámos
E por ela fui trocado

Largo o Tejo, abraço o Zêzere
Afluente ali fiquei
Em pousio bem junto à margem
Confidências lhe deixei

Volto ao rumo da viagem
Deixo o rio em seu recato
Quero beber fé e coragem
Por terras de Viriato

Avistei então serranas
Faces doces tão rosadas
A mondar seu milho d’oiro
Com gestos de apaixonadas

Preparando o meu regresso
Bornal cheio de valentia
Volto ao mar que é meu destino
Já beirão por simpatia


Música: Miguel Rebelo

Atlanticamente - ... Mente (advérbios de moda)



... Mente (advérbios de moda)

Desinteressadamente
Poucos sabem estender a mão
Consequentemente
Muitos julgam ter a razão

Desinteressadamente
Poucos sabem dizer não
Consequentemente...

Desinteressadamente
Poucos gostam de persistir
Consequentemente...
Muitos ficam para assistir

Desinteressadamente
Poucos gostam de consentir
Consequentemente...

Adjectivamente
Poucos são normalmente
Desinteressadamente comuns

Substantivamente
Poucos são normalmente
Consequentemente comuns

Desinteressadamente
Poucos sabem interceder
Consequentemente
Muitos outros ficam a ver

Desinteressadamente
Poucos gostam de bem-dizer
Consequentemente...

Adjectivamente
Poucos são normalmente
Desinteressadamente comuns

Substantivamente
Poucos são normalmente
Consequentemente comuns


Música: Miguel Rebelo

Atlanticamente - Nem sempre (com uma rosa)



Nem sempre (com uma rosa)

Nem sempre uma certeza
É tão certeza
Nem sempre a boa aposta
Nos faz ganhar

Nem sempre o velho atalho
Leva mais perto
Mas sabemos
Que não nos custa tentar

Nem sempre a velha historia
Foi esquecida
Nem sempre o grande passo
Já foi dado

Nem sempre a estrada é certa
E sem defeitos
Mas se o não for
O rumo pode ser mudado

Nem sempre as coisas são
Como parecem
Nem sempre as coisas correm
De feição

Nem sempre a gente faz
As coisas certas
E esquecemos sem querer
Um dar de mão


Música: Miguel Rebelo

Atlanticamente - Manda-chuva (o gaiteiro)



Manda-chuva (o gaiteiro)

Cadencia marcada
Na marcha que é lenta
Empurrando a roda
Na manhã cinzenta

Já enche a calçada
Com sons de gaiteiro
Na pausa merecida
Do homem andeiro

E a roda parada
Sem tocar o chão
Aguarda a resposta
Depois do pregão

E vem a menina
Com ar de donzela
Trazendo a sombrinha
Que diz não ser dela

“-Varetas senhor!
Parecem ser três,
Sombrinha de estima
Morreu quem a fez”

Vem também a Rosa
No bairro “a peixeira”
Traz facas de amanho
Quer ser a primeira

Tem freguês na banca
Não pode esperar
Que lhe dá sustento
É que é de estimar

Navalhas de barba
Tesouras de pano
Na manhã mais bela
E cinzenta do ano

E a roda já roda
Sem tocar o chão
Foi boa a resposta
Depois do pregão


Música: Miguel Rebelo

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Atlanticamente

Não quero manter nenhuma ordem na apresentação das letras, mas acho que chegou a altura de retomar o Canto do Vigário.
O segundo trabalho por questões comerciais saiu em nome de Miguel Rebelo e Canto do Vigário, intitulado “Atlanticamente”. Desta vez a minha participação foi muito superior do que no anterior. Dos doze temas, apenas um não é de minha autoria.
Este trabalho foi a base de seis espetáculos que realizámos na Expo98 em Lisboa. Tão bem que me souberam esses momentos.



Continuei a minha parceria com o Miguel, mas surgiu também a parceria com João Balão. Foi neste Atlanticamente que tive a minha primeira letra/música editada: A pausa do guerreiro, com um soberbo arranjo de Ciro Bertini.
Para mim, muitos temas bonitos estão neste trabalho, contudo mais uma vez passou um pouco ao lado do grande público.
Um dos temas que mais gosto dá pelo nome de Vidas de um Homem só. Aqui fica desde já registado que foi e é inteiramente dedicado ao meu pai que acompanhava as minhas escritas e me incentivou bastante, não as vou divulgar mas lembro perfeitamente das palavras que me disse quando leu esta letra.
Seguem assim onze letras deste Atlanticamente.